quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Papa é pop

É. O papa é pop. Era, melhor dizendo. Sabe o que isso significa? Que João Paulo II é pop. Mas e Karol Woitila? É isso mesmo o que eu quero sugerir: eles não são a mesma pessoa. Calma, não é uma teoria louca, como aquela que inventaram sobre os Beatles, dizendo que Paul McCartney tinha morrido, e um sósia tomara o lugar dele. Sou maluca, mas nem tanto. Só que, quando Karol Woitila (ô nominho infame!) consagrou-se como o pontífice, mudou até de nome e passou a se chamar "Joannes Paulus II". E passou a ser pop. De "pop"ular, mesmo.

Eu não sou lá muito religiosa, mas reconheço a maneira admirável que Karol Woit... quer dizer, João Paulo II viveu. Eu sei o que você está pensando: "E por que, então, eles não eram a mesma pessoa, já que eles eram a mesma pessoa?". Vou dizer. Certamente, você acompanhou (junto com o resto do mundo) a despedida longa e dolorosa do Papa. Fiéis de todas as nacionalidades prostravam-se à janela do hospital onde ele se encontrava, esperando por algum sinal. O tão esperado sinal, por fim, veio. O moribundo pontífice foi arrastado até o parapeito da janela, para que de lá pudesse abençoar uma última vez suas ovelhas. E assim o fez, com o semblante retorcido e agonizante.

Para sua sorte, dias depois desta dramática despedida ele se foi, contrariando as preces de muitas pessoas (ou muito carentes ou muito sádicas), que rogavam a Deus para que ele ficasse e expiasse um pouco mais. Pessoas dos quatro cantos do mundo, dos lugares mais improváveis, foram ver o corpo do Papa lá no Vaticano. Presidentes. Embaixadores. Ditadores. Líderes religiosos não-católicos. A "pop"ularidade de um cadáver nunca foi tão notória. Milhares de pessoas se aglomeravam nas ruas por até 18 horas, para terem a chance singular em suas vidas de ver o Papa - morto - por vinte (vinte!) segundos. Não pense você que isso é uma prova de fé ou de sacrifício pelo próximo. Isso é uma ode à necrofilia.

Imagino como seria se quem tivesse morrido fosse somente (não tão somente, diga-se) Karol Woitila. O diálogo entre fiéis talvez fosse algo como:

- Fiquei sabendo que morreu um polonês.

- Mesmo? Quem era?

- Era um líder revolucionário, que continuou à frente do seu tempo mesmo sendo um padre, sabe? Dizem que ele tinha uma visão de mundo bastante esclarecida, e que seus trabalhos levaram muitos líderes religiosos e políticos de todo o planeta a usar a fé como um instrumento de tolerância, e não de guerra.

- Que pena que perdemos alguém assim... Mas qual era o nome dele?

- Nome, nome mesmo, eu não lembro não. Mas sei que era nome de mulher!

- Polonês é tudo esquisito...

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